Sefor promove segundo encontro de Formação Protagonismo Juvenil
Sex, 24 de Setembro de 2010
A Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor), da Secretaria da Educação (Seduc), dá continuidade ao Encontro de Formação Protagonismo Juvenil – Grêmios Escolares, no sábado, 25. Esta é a segunda reunião, que acontecerá das 8 às 12 horas, em quatro unidades de ensino, em Fortaleza.
Na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Joaquim Nogueira, o encontro reunirá jovens das 1ª e 3ª regiões, com o professor Helder Nogueira Andrade. O tema será “Comunidade: espaço público e privado”. Os estudantes das escolas das 2ª e 6ª regiões, se reunirão na Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Integrada 2 de Maio, para discutir o tema “Estudo sócio-histórico do termo adolescência/jovem”, com o professor Kleiton. Na EEEP Paulo VI, serão escolas da 4ª região, com a professora Roselia, e o tema é “A identidade do adolescente”. Já no Liceu do Conjunto Ceará, com o professor Idelson, serão os alunos da 5ª região, discutindo o tema “Violência escolar”.
A formação tem o objetivo de promover aos líderes escolares, gremistas e líderes de sala, por meio do estudo de temas transversais, a compreensão do conceito de liderança.
Veja o cronograma das atividades no blog: http://gremiosdasescolasestaduaisfortaleza.blogspot.com/
GCLIO
O Grupo Clio é uma associação de educadores dedicados ao ensino, pesquisa e cultura, sua fundação oficial se deu no ano de 2008, a partir dos anseios de um grupo de historiadores que buscavam construir um verdadeiro fórum de debate sobre inúmeras questões pertinentes a educação e a democracia em nosso país. Atualmente o GCLIO reúne educadores das mais diversas áreas e espaços de atuação com o propósito de ampliar os horizontes do nosso povo, construindo a unidade possível em torno da democracia e do republicanismo, e o consenso necessário da educação nas suas mais variadas vertentes. Defendemos a universalização do ensino público com a qualidade necessária para habilitar nossas crianças e jovens na vanguarda civilizacional através de dois pilares básicos a inclusão social e a participação política.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
AMIGOS DE PAPEL: UM COMUNISTA. POR JOEL RUFINO.
23/08/2010
Eu assistia a um jogo da Copa do Mundo quando soube por telefone da morte de José Saramago.
O grande escritor dizia que “comunista é um estado de espírito”. Questionado por um entrevistador, disse também: “Sou aquilo que se pode chamar de comunista hormonal. O que isso quer dizer? Assim como tenho no corpo um hormônio que me faz crescer a barba, há outro que me obriga a ser comunista”.
Em poucas palavras se livrava das idealizações, erros e equívocos dos sistemas e partidos comunistas, preservando o que a definição tem de ética. Comunista é algo em que se está, talvez de nascença, uma feminilidade de espírito anterior à formação de ideias e opiniões sobre o mundo. Um policial experiente, nos anos 60, me revelou que reconhecia comunistas pela maneira insegura, ou frágil, de se dirigirem a empregados, garçons e choferes. Se visse uma mulher trocando pneu, também não tinha dúvida e, nesse caso, sua intuição de sherloque funcionava ao contrário: um corpo feminino fazendo trabalho de macho indica personalidade comunista.
Ser de esquerda é uma coisa, comunista outra.
Em ideas y creencias, Ortega y Gasset lembra que ao sair de casa, a cada manhã, não
precisamos fazer ideia da rua: cremos, de uma maneira insofismável, que ela estará lá, com seu asfalto, seus sinais, lojas, pontos de ônibus etc. A rua não é uma ideia, mas uma crença. Por analogia, esquerda é uma ideia, tanto que podemos estar mais à esquerda, ser de centroesquerda etc. A própria palavra tem uma origem histórica precisa, a assembleia francesa de 1789, em que os deputados que queriam sustar as medidas revolucionárias se sentavam à direita da presidência, os que queriam continuálas à esquerda, os indecisos ao centro.
Madalena, a protagonista de São Bernardo, de Graciliano Ramos, não era de esquerda, mas era comunista. Não que tivesse qualquer ligação com o Partido Comunista do Brasil, fundado há menos de dez anos. Seu comunismo estava em duas ou três atitudes: cumprimentava os lavradores, montou escola para seus filhos, lia romances, escrevia cartas. A insegurança do marido, Paulo Honório, para quem pessoas eram objetos, o convenceu de que a mulher era comunista. Comunista – eis de volta a definição de Saramago – é um estado de espírito caracterizado pela autonomia. Essa autonomia permite a alguém se dizer comunista mesmo depois de naufragarem os seus dispositivos
históricos.
Poderia um comunista não ter espírito autônomo? Certamente. Hobsbawm garante que
nos anos 70, às vésperas da Glasnost, dificilmente se encontraria um comunista na União Soviética. A designação cobria então burocratas, aproveitadores do Estado autoritário, intelectuais acríticos, multidões despolitizadas.
Comunista, na acepção de Saramago, se aproxima melhor de marxista. O essencial do
marxismo sobrevive no comunista: a análise, até hoje insuperável, da mercadoria e a filosofia da práxis, isto é, a ideia de que o homem faz-se a si mesmo. No entanto, alguém pode estar comunista sem ser marxista, já que o marxismo é uma teoria que, como qualquer outra, exige estudo e abstração.
Os comunistas lutam incansavelmente por um homem novo contra todos os sistemas sociais, inclusive os socialistas. São, por isso, otimistas e pessimistas ao mesmo tempo. Como o escritor que morreu.
Joel Rufino é historiador e escritor. http://carosamigos.terra.com.br/
Eu assistia a um jogo da Copa do Mundo quando soube por telefone da morte de José Saramago.
O grande escritor dizia que “comunista é um estado de espírito”. Questionado por um entrevistador, disse também: “Sou aquilo que se pode chamar de comunista hormonal. O que isso quer dizer? Assim como tenho no corpo um hormônio que me faz crescer a barba, há outro que me obriga a ser comunista”.
Em poucas palavras se livrava das idealizações, erros e equívocos dos sistemas e partidos comunistas, preservando o que a definição tem de ética. Comunista é algo em que se está, talvez de nascença, uma feminilidade de espírito anterior à formação de ideias e opiniões sobre o mundo. Um policial experiente, nos anos 60, me revelou que reconhecia comunistas pela maneira insegura, ou frágil, de se dirigirem a empregados, garçons e choferes. Se visse uma mulher trocando pneu, também não tinha dúvida e, nesse caso, sua intuição de sherloque funcionava ao contrário: um corpo feminino fazendo trabalho de macho indica personalidade comunista.
Ser de esquerda é uma coisa, comunista outra.
Em ideas y creencias, Ortega y Gasset lembra que ao sair de casa, a cada manhã, não
precisamos fazer ideia da rua: cremos, de uma maneira insofismável, que ela estará lá, com seu asfalto, seus sinais, lojas, pontos de ônibus etc. A rua não é uma ideia, mas uma crença. Por analogia, esquerda é uma ideia, tanto que podemos estar mais à esquerda, ser de centroesquerda etc. A própria palavra tem uma origem histórica precisa, a assembleia francesa de 1789, em que os deputados que queriam sustar as medidas revolucionárias se sentavam à direita da presidência, os que queriam continuálas à esquerda, os indecisos ao centro.
Madalena, a protagonista de São Bernardo, de Graciliano Ramos, não era de esquerda, mas era comunista. Não que tivesse qualquer ligação com o Partido Comunista do Brasil, fundado há menos de dez anos. Seu comunismo estava em duas ou três atitudes: cumprimentava os lavradores, montou escola para seus filhos, lia romances, escrevia cartas. A insegurança do marido, Paulo Honório, para quem pessoas eram objetos, o convenceu de que a mulher era comunista. Comunista – eis de volta a definição de Saramago – é um estado de espírito caracterizado pela autonomia. Essa autonomia permite a alguém se dizer comunista mesmo depois de naufragarem os seus dispositivos
históricos.
Poderia um comunista não ter espírito autônomo? Certamente. Hobsbawm garante que
nos anos 70, às vésperas da Glasnost, dificilmente se encontraria um comunista na União Soviética. A designação cobria então burocratas, aproveitadores do Estado autoritário, intelectuais acríticos, multidões despolitizadas.
Comunista, na acepção de Saramago, se aproxima melhor de marxista. O essencial do
marxismo sobrevive no comunista: a análise, até hoje insuperável, da mercadoria e a filosofia da práxis, isto é, a ideia de que o homem faz-se a si mesmo. No entanto, alguém pode estar comunista sem ser marxista, já que o marxismo é uma teoria que, como qualquer outra, exige estudo e abstração.
Os comunistas lutam incansavelmente por um homem novo contra todos os sistemas sociais, inclusive os socialistas. São, por isso, otimistas e pessimistas ao mesmo tempo. Como o escritor que morreu.
Joel Rufino é historiador e escritor. http://carosamigos.terra.com.br/
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
"Por uma globalização mais humana", texto do geógrafo Milton Santos.
Por uma globalização mais humana:
A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo de intercâmbio entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde o período mercantil dos séculos 17 e 18, expande-se com a industrialização, ganha novas bases com a grande indústria, nos fins do século 19, e, agora, adquire mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de troca: técnica, comercial, financeira, cultural.
Vivemos um novo período na história da humanidade. A base dessa verdadeira revolução é o progresso técnico, obtido em razão do desenvolvimento científico e baseado na importância obtida pela tecnologia, a chamada ciência da produção.
Todo o planeta é praticamente coberto por um único sistema técnico, tornado indispensável à produção e ao intercâmbio e fundamento do consumo, em suas novas formas.
Graças às novas técnicas, a informação pode se difundir instantaneamente por todo o planeta, e o conhecimento do que se passa em um lugar é possível em todos os pontos da Terra.
A produção globalizada e a informação globalizada permitem a emergência de um lucro em escala mundial, buscado pelas firmas globais que constituem o verdadeiro motor da atividade econômica.
Tudo isso é movido por uma concorrência superlativa entre os principais agentes econômicos -- a competitividade.
Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais, e o que acontece em qualquer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o acontece em todos os demais.
Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na realidade, as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.
Infelizmente, o estágio atual da globalização está produzindo ainda mais desigualdades. E, ao contrário do que se esperava, crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num mundo que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais.
A droga, com sua enorme difusão, constitui um dos grandes flagelos desta época.
O mundo parece, agora, girar sem destino. É a chamada globalização perversa. Ela está sendo tanto mais perversa porque as enormes possibilidades oferecidas pelas conquistas científicas e técnicas não estão sendo adequadamente usadas.
Não cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos técnicos obtidos neste fim de século 20, se usados de uma outra maneira, bastariam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita e, aplicados à medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade.
Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico entre os povos e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É possível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro tipo de globalização.
A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo de intercâmbio entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde o período mercantil dos séculos 17 e 18, expande-se com a industrialização, ganha novas bases com a grande indústria, nos fins do século 19, e, agora, adquire mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de troca: técnica, comercial, financeira, cultural.
Vivemos um novo período na história da humanidade. A base dessa verdadeira revolução é o progresso técnico, obtido em razão do desenvolvimento científico e baseado na importância obtida pela tecnologia, a chamada ciência da produção.
Todo o planeta é praticamente coberto por um único sistema técnico, tornado indispensável à produção e ao intercâmbio e fundamento do consumo, em suas novas formas.
Graças às novas técnicas, a informação pode se difundir instantaneamente por todo o planeta, e o conhecimento do que se passa em um lugar é possível em todos os pontos da Terra.
A produção globalizada e a informação globalizada permitem a emergência de um lucro em escala mundial, buscado pelas firmas globais que constituem o verdadeiro motor da atividade econômica.
Tudo isso é movido por uma concorrência superlativa entre os principais agentes econômicos -- a competitividade.
Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais, e o que acontece em qualquer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o acontece em todos os demais.
Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na realidade, as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.
Infelizmente, o estágio atual da globalização está produzindo ainda mais desigualdades. E, ao contrário do que se esperava, crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num mundo que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais.
A droga, com sua enorme difusão, constitui um dos grandes flagelos desta época.
O mundo parece, agora, girar sem destino. É a chamada globalização perversa. Ela está sendo tanto mais perversa porque as enormes possibilidades oferecidas pelas conquistas científicas e técnicas não estão sendo adequadamente usadas.
Não cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos técnicos obtidos neste fim de século 20, se usados de uma outra maneira, bastariam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita e, aplicados à medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade.
Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico entre os povos e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É possível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro tipo de globalização.
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