Sonhos?
Prof. Maurício Manoel.
Membro efetivo do GCLIO.
“O que você quer ser quando crescer?” Escutei várias vezes essa pergunta em minha infância e adolescência. Médico, modelo, Bombeiro, jogador de futebol, Advogado e Professor eram as respostas mais freqüentes dadas pelos garotos e garotas que também eram indagados. Alguns, ainda muito inocentes, respondiam que queriam ser super-heróis, personagens de filmes ou até mesmo de desenhos animados. Era uma pergunta inocente, com respostas inocentes, mas que refletiam um sinal do momento que cada jovem que respondia passava, refletiam suas preferências e seus sonhos.
Sonho. Percebo que a cada dia essa palavra vai desaparecendo do vocabulário de nossa juventude. Parece que os sonhos ficaram menores ou estão deixando de existir. Não falo daqueles sonhos absurdos, fantasiosos, que nos faziam passar noites acordados pensando em como seria se realmente acontecessem; falo dos sonhos mais palpáveis, dos sonhos mais “reais”.
Não vejo mais, em boa parte da juventude, aquela vontade de lutar pelo que se quer, de “chegar lá” pela força e competência. O que vejo é uma juventude que, em sua nobre parcela, apenas espera, não questiona e, se a maioria aceitar, aceita também o que lhes é proposto ou imposto. Os desejos mais imediatos e desnecessários se tornaram mais importantes que os sonhos a médio ou longo prazo. O que vão fazer no fim de semana tornou-se a razão de viver de boa parte dos jovens, que considera uma total perda de tempo passar um fim de semana lendo, assistindo a bons filmes ou até mesmo estudando para uma importante prova que farão na segunda-feira pela manhã.
Claro que essa não é uma realidade aplicada a todos os jovens, todavia, a parcela que não se encaixa no padrão “baladas e bebidas” é vista como alienígena nessa realidade que se instaura e se inflama de forma desequilibrada e com certa contribuição da sociedade em geral que não fiscaliza o aumento do tráfico de drogas em regiões onde determinadas festas acontecem ou até mesmo dentro dessas festas; não questiona a venda desenfreada de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos nesses ambientes; parece não ligar para os constantes acidentes de trânsito ocorridos após a realização desses eventos devido ao alto consumo de bebidas alcoólicas e não analisam o tipo de mensagem transmitida nas músicas que esses jovens escutam nesses locais.
A diversão a qualquer custo tornou-se o “sonho” de parte da juventude. As baladas regadas a irresponsabilidade, bebidas e outras coisas - que prefiro nem citar - iludem, alimentam, estimulam, empolgam e alienam as pobres mentes dos jovens que cada vez mais se perdem e se tornam insensíveis a esse tipo de crítica, na verdade até se posicionam veementemente contra o que minhas palavras expõem nesse texto.
Nem tudo está perdido. Não é possível que todas essas mazelas não tragam conseqüências que sejam percebidas, analisadas e questionadas. Eu prefiro sempre pensar que o ser humano pode melhorar, crescer, ser melhor. Nessa questão, ainda não vi progresso, mas sei que existem alguns leitores mais críticos que ao lerem este texto, podem até nem concordar com tudo o que nele está escrito, mas com certeza reconhecerão que há uma dose bem incômoda de realidade nessas palavras.
Quem sabe, antes de virar um pesadelo, a juventude volte a sonhar como antes. Assim eu espero!
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