KARL MARX E A REALIZAÇÃO DA VIDA COMO PRÁTICA DA LIBERDADE.
Prof. Ms. Helder Nogueira Andrade.
“Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência”, assim Marx e Engels definem na Ideologia Alemã, a relação entre vida e consciência na realização histórica da humanidade, portanto devemos compreender que apenas os seres humanos reais em suas determinações imediatamente materiais (comer, dormir, beber, trabalhar etc.) podem “fazer” a história, ou seja, o processo histórico deve ser compreendido na dinâmica da vida que imediatamente busca a satisfação das necessidades enquanto produção da própria vida material.
Assim, não podemos desenvolver uma “consciência ingênua” da realidade e acreditar que as idéias e o próprio mundo estão desintegrados da existência material dos seres humanos, tal realidade imprime determinados padrões de uma classe dominante que torna hegemônico seu modo de viver e pensar como algo universalmente válido, uma verdadeira estrutura de dominação que privilegia a domesticação ou adequação da consciência das maiorias exploradas ao seu status quo, e busca consolidar-se cotidianamente através de seus aparelhos ideológicos como o único horizonte possível para a realização da consciência, portanto aprisionando-a:
Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes; em outras palavras, a classe que é o poder material dominante numa determinada sociedade é também o poder espiritual dominante. A classe que dispõe dos meios da produção material dispõe também dos meios da produção intelectual, de tal modo que o pensamento daqueles aos quais são negados os meios de produção intelectual está submetido também a classe dominante; em outras palavras são as idéias de sua dominação. (Marx, Karl. e Engels, Friedrich. A Ideologia Alemã. 1845.)
Portanto, devemos compreender que toda luta política das maiorias exploradas em qualquer época ou lugar, deve tomar como problema fundamental as condições de possibilidade materiais e intelectuais que forjam a hegemonia da consciência dominante. A realização legítima da consciência deve fundamentar-se no próprio movimento existencial dos indivíduos em meio as múltiplas experiências possíveis com seus limites, contradições e possibilidades. Apenas quando homens e mulheres compreendem criticamente a situação de exploração que estão submetidos na realidade de suas vidas é que a liberdade pode ser uma conquista possível, na práxis inerente a consciência-de-si de cada coletivo em sua singularidade. Devemos lutar contra toda forma de domesticação da consciência promovida pela minoria detentora dos meios de produção material e intelectual da sociedade.
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