A hermenêutica de um senador que não reconhece as lutas sociais.
É sabido que o Brasil é uma país de pluralidades. Nesse contexto muitas são as lutas que se travam no cotidiano para que os mais diversos grupos preservem sua identidade. Os negros sem dúvida estão entre os que mais buscam defender o seu DNA social, cultural e étnico. Entretanto, segmentos da sociedade ainda se negam a reconhecer esses grupos e o depoimento do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) ecoa a voz dos segregadores. Veja as estapafúrdias ditas pelo dito parlamentar no plenário do STF quando se tratava o tema sobre cotas para afrodescendentes nas universidades: “Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram. (…) Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da pauta econômica africana.” Fica evidente na fala do senador que de fato o africano era uma mercadoria natural o que é lamentável, pois, o parlamentar perdeu a oportunidade de discutir o passado escravista para que esse mal ainda existente no Brasil, embora seja tido como crime, seja banido em todos os aspectos, inclusive no discurso. Ainda interpretando, tratou o fato histórico como argumento para justificar a ocorrência da escravidão. Pior, o senador defende que a África tinha bônus pois era um item importante de exportação. Anacronismo malvado.
Prof. Ítalo Hide
Núcleo de Assuntos Estratégicos do GCLIO.
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