GCLIO

O Grupo Clio é uma associação de educadores dedicados ao ensino, pesquisa e cultura, sua fundação oficial se deu no ano de 2008, a partir dos anseios de um grupo de historiadores que buscavam construir um verdadeiro fórum de debate sobre inúmeras questões pertinentes a educação e a democracia em nosso país. Atualmente o GCLIO reúne educadores das mais diversas áreas e espaços de atuação com o propósito de ampliar os horizontes do nosso povo, construindo a unidade possível em torno da democracia e do republicanismo, e o consenso necessário da educação nas suas mais variadas vertentes. Defendemos a universalização do ensino público com a qualidade necessária para habilitar nossas crianças e jovens na vanguarda civilizacional através de dois pilares básicos a inclusão social e a participação política.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Prof Italo Hide do GCLIO analisa a política contemporânea... (Parte II)

QUANDO A BELEZA ATENTA CONTRA A DIGNIDADE HUMANA.

Veja o que disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) no STF,

Sobre a miscigenação: "Nós temos uma história tão bonita de miscigenação... [Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. [Fala-se que] foi algo forçado. Gilberto Freyre, que é hoje renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual."

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) na sua postura mediante a escravidão, fato já comentado por mim anteriormente, suscita outra questão, a miscigenação no processo de formação do povo brasileiro. A “democracia racial” defendida por Gilberto Freyre na sua obra clássica “Casa Grande Senzala” publicada pela primeira vez em 1933, é sem sombra de dúvida uma das grandes obras clássicas da intelectualidade brasileira. Entretanto, o pensamento de Freyre é questionado posteriormente por pensadores como Jacob Gorender. A obra de Gorender, “Escravismo Colonial” publicada em 1978, contrapõe com muita propriedade a teoria de Freyre. Voltando ao senador, percebe-se que o mesmo não tem conhecimento de causa e, se tem, foi infeliz nas suas reacionárias posições. Não posso compreender na minha vã massa cinzenta que exista beleza numa relação entre indivíduos que impõe a sua vontade a outros indivíduos, numa relação onde uns são obrigados a submeter o seu arbítrio e a essência de sua vida a vontade de outros. Fazendo um exercício hermenêutico, vejo que o senador Demóstenes criou mediante atroz doutrina o novo tipo penal que é o “estupro consensual”. Certamente, as torturas, as mutilações, os assassinatos e todo o clamor dos africanos escravizados tão bem entoados por Castro Alves, estejam na concepção de beleza do senador. Por fim, num exercício final de interpretação, vejo que a dignidade humana é relativizada, até porque vários atos que causam repulsa a humanidade e que ao longo da história foram combatidos por vários grupos e movimentos sociais são incluídos hermeneuticamente na concepção de beleza de Demóstenes Torres.

Prof. Ítalo Hide.

Núcleo de Assuntos Estratégicos do GCLIO.

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